Esse é um papo muito importante sobre roupa usada que venho ensaiando trazer para cá há muito tempo, para que mais pessoas reflitam sobre o assunto. Ele surgiu primeiro lá no insta (se não me segue ainda, corre lá @garimpomag) a partir de um storie de alguém que compartilhava esse tweet abaixo.
Claro que ao ver isso não consegui me segurar e precisei listar algumas verdades sobre o trabalho que envolve ter um brechó hoje em dia. Pra começar, acho legal falar pra vocês que empreender com brechó é um trabalho como qualquer outro, envolve muito investimento de tempo e dinheiro, dedicação, disciplina e organização para fazer com que o negócio dê certo. Muitas pessoas estão levando esse trabalho muito a sério, então é muito injusto ignorá-lo e reclamar quando a brusinha linda que você vê no insta não custa só R$20 reais, certo!?
Verdades por trás da roupa usada
Pra deixar mais simples e vocês enxergarem o que eu vejo nos bastidores desse trabalho, vou listar os pontos mais importantes, algumas verdades que ficam escondidas atrás do preço de uma peça de brechó.
Verdade 1 – brechó é diferente de bazar
De uma vez por todas entendam, BRECHÓ e BAZAR são coisas beeem diferentes. No bazar as peças são todas doadas, não passam por nenhum tipo de limpeza, nem ajuste. Por isso os preços são mais baixos e normalmente o dinheiro é todo revertido pra uma causa beneficente.
Já no brechó, existe uma pessoa que faz o garimpo da roupa usada. Ela compra as peças, higieniza uma por uma, prega um botãozinho, deixa perfumada e te entrega perfeita. Essa pessoa tem gastos com tudo isso, além de precisar da grana das vendas pra viver, pagar contas, comer e etc. Tudo isso acaba refletindo no valor final da peça que você garimpa.
Verdade 2 – Mulheres empreendendo por necessidade
Se existe uma coisa que esta em alta hoje é o empreendedorismo por necessidade. Muita gente vê no brechó uma forma de driblar o desemprego e em muitos casos são mulheres que podem estar tendo dificuldade em encontrar uma oportunidade no mercado de trabalho.
Além disso, existem casos onde o dinheiro que entra com o brechó pode estar ajudando um estudante a se manter na faculdade ou uma mãe a sustentar seus filhos, por exemplo. São muitas situações que podem fazer com que a pessoa tome a decisão de empreender no ramo da roupa usada. E nós não podemos nem devemos ignorar isso. Precisamos ter empatia antes de se negar a simplesmente não comprar de uma dessas pessoas.
Verdade 3 – valor é muito relativo
O que é barato pra mim, pode ser caro pra você. E vice versa. Valor é algo muito relativo, envolve muitos fatores e foi-se o tempo que se o brechó não fosse baratinho, ninguém comprava. O brechó se valorizou e isso também reflete no preço final de uma peça. Isso sem contar todo o custo que envolve fazer as roupas chegarem lindas até você.
Verdade 4 – inúmeros tipos de brechó
Tá aí algo que complementa a questão do valor. Existem vááários tipos de brechós, bazares e afins. Se você acha aquele caro, procure outro e outro, até achar o que você quer, pelo preço que você quer. Assim, você não precisa desmerecer o trabalho de ninguém.
Mas aí entra mais um ponto. Brechós normalmente vendem peças exclusivas. Então, se é algo que você quer muito, será que não vale a pena pagar um pouquinho mais? Afinal, provavelmente você não vai encontrar a mesma peça em outro lugar.
Verdade 5 – a procedência e tipos de roupas
A linda que fez o tweet disse que com R$70 reais prefere comprar numa fast fashion. Temos que lembrar que as roupas dessas lojas têm uma série de questões negativas. Sabemos que normalmente as peças são de péssima qualidade e que a modelagem costuma ser bem ruim. Isso sem contar a parte social do trabalho com mão de obra escrava e outras questões ambientais. Será que vale a pena mesmo??
Já no brechó, em muitos casos as peças são vintages, feitas com bons materiais e nós sabemos que aquela peça está ganhando um novo significado sem precisar prejudicar ninguém. Esse ato de usar roupa de segunda mão ainda contribui para o meio ambiente. É bem melhor ficar com a consciência tranquila e ajudar uma empreendedora, não é mesmo?
Verdade 6 – lei da oferta e procura
Essa é a primeira regra do capitalismo. Se tem muita gente procurando a mesma coisa, o preço dela vai aumentar, e não há nada que você possa fazer em relação a isso.
E foi exatamente isso que aconteceu com o brechó. Muitas pessoas começaram a querer ter peças vintages, aquele mom jeans perfeito, aquela peça exclusiva e BOOM, o valor do que era vendido antes por um mixaria, agora se iguala ao preço de uma roupa nova. E nisso conseguimos perceber outra coisa também, a valorização da exclusividade e não da roupa.
Ao fim, o que podemos perceber com tudo isso, é que hoje muita gente está comprando em brechós pelo valor agregado que ele carrega. Isso envolve a qualidade de tecido, design da modelagem, peça únicas que geram exclusividade, consciência ambiental e social, e claro, o preço!
O preço ainda é um fator que chama a atenção para esse nicho, mas há muito tempo deixou de ser o ponto decisivo de quem garimpa. Afinal, o brechó SEMPRE foi barato, e nem por isso as pessoas tinham o hábito frequente de garimpar.
É importante que a gente entenda todas essas verdades. É importante para quem compra e para quem vende e cabe a nós empreendedoras do ramo explicar aos nossos clientes todos esses pontos, para que os clientes possam entender e valorizar nosso trabalho.
O brechó despontou muito rápido, e as pessoas realmente ainda estão com dificuldades para se adaptar aos novos valores, mas com muita paciência e informação, nós iremos mudar esse cenário.
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